quinta-feira, 15 de julho de 2010

Rammellzee e Beat-bop

É impressionante (e ligeiramente deprimente) que só consigamos ouvir falar de alguns raros talentos depois de figurarem no obituário. Foi precisamente aí, nos obituários do New York Times que fiquei a conhecer Rammellzee, figura seminal do hip-hop, artista, filósofo da cultura urbana e um excêntrico dos que já não se fazem. A palavra Rammellzee, dizia o próprio, é uma fórmula quântica. O graffiti, a libertação da letra escrita. As letras, armas de um poder místico.

Rammellzee contraria no bom sentido a ideia que eu tenho do hip-hop, que não é a melhor. Mas isso é porque o hip-hop que me chega é arrogante, vazio, a anos-luz em termos estéticos e históricos do hip-hop que lhe deu origem. O hip-hop dos anos 80 veio da urbe, e surgiu de uma necessidade de expressão de uma geração à margem, que nasceu e cresceu ali, sem conhecer mais nada, e tinha uma verdadeira relação com a cidade. Rammellzee foi contemporâneo da Nova Iorque de Keith Harring e Basquiat (que desenhou a capa para o clássico "Beat-Bop"), altura em que o espaço urbano entrava em revolução. A arte e música de Rammellzee lembram-me do caleidoscópio que é o espaço urbano, um caos do orgânico-biológico-humano e do inorgânico-artificial-construção, algo surpreendentemente parecido com o que para mim é o dubstep.






O filme Downtown 81, com Jean-Michel Basquiat,
dá a ideia de qual o ambiente na NYC da altura.



War of the Worlds vs. Dubstep


Quem acompanha este blog (se é que alguém acompanha este blog), sabe que sou um grande entusiasta de Dubstep. Aqui fica o resultado de uma experiência: War of the Worlds vs. Dubstep. É uma mistura entre ficção científica e um passado da origem da máquina industrial, um presente alternativo. Oiçam.