domingo, 10 de janeiro de 2010

Rewind 2009 - Cinema


2009 foi o ano do renascimento da ficção científica com massa cinzenta - District 9, Moon, Avatar e até Watchmen deram-nos um futuro perverso e com muitos efeitos especiais.
O 3D veio para ficar, desta vez.
Quentin Tarantino voltou à forma com Inglourious Basterds e Christoph Waltz deu-nos o papel do ano, ao interpretar o Coronel Landa.
Steven Soderbergh demonstrou ser um workaholic irrecuperável.
Michael Haneke fez um filme magistral sobre a psique das pessoas que nos levaram a duas Guerras Mundiais, em O Laço Branco.
Michael Mann não fez um filme excelente, mas o suficiente para ser o melhor do ano. O uso que fez das imagens digitais confirma-o como o único grande experimentalista da estética digital, em oposição à manipulação através do digital. Para Mann, o digital é um meio para chegar à verdade. Mann trabalha nas antípodas de realizadores como Cameron, que usa o digital para chegar à fantasia do impossível, como se viu no seu último filme, Avatar. Não há aqui uma ponta de crítica, há lugar para tudo isto no cinema.
Mann arrisca, e os seus trabalhos são estudos sobre o fenómeno cidade, sobre profissionais executando a única coisa que sabem fazer e que não conseguem fugir à sua natureza. Para alguns pode ser um filme imperfeito, sem algo concreto ou profundo a dizer... Não para mim.



Public Enemies (Michael Mann)
O Laço Branco (Michael Haneke)
Inglourious Basterds (Quentin Tarantino)
Antichrist (Lars von Trier)
District 9 (Neill Blomkamp)
Avatar (James Cameron)
Petition (Zhao Liang)
The Limits of Control (Jim Jarmusch)
Un Prophète (Jacques Audiard)
Police, Adjective (Corneliu Porumboiu)
Los Abrazos Rotos (Pedro Almodóvar)
A Serious Man (Joel e Ethan Coen)
Breathless (Yang Ik-June)
Tetro (Francis Ford Coppola)
The Informant! (Steven Soderbergh)
The Girlfriend Experience (Steven Soderbergh)
An Education (Lone Scherfig)
Moon (Duncan Jones)
Watchmen (Zach Snyder)
The Road (John Hillcoat)
Where The Wild Things Are (Spike Jonze)
The Hurt Locker (Kathryn Bigelow)
Séraphine (Martin Provost)

Curta:
Arena (João Salaviza)

Vou adicionando, à medida que for vendo mais filmes de 2009.


Festivais
Opinião

Indie Lisboa 2009
Melhor Filme em Competição: Breathless (Yang Ik-June, 2009)
Of Time and The City (Terence Davis, 2008)

Não vi muitos filmes do Indie deste ano. Perdi o Ballast, Wendy and Lucy, Tyson, e muitos outros, mas ver o Breathless compensou tudo isso.


DocLisboa 2009
Melhor Filme em Competição: Petition (Zhao Liang, 2009)
Boatman (1993) + Below Sea Level (Gianfranco Rosi, 2009)
First Love (Krzysztof Kieslowski, 1974)
Thorn in the Heart (Michel Gondry, 2009)
Loin du Vietnam (Godard, Resnais, Varda, Marker, Lelouch, 1967)

Petition é um filme sobre peticionários na China actual, à procura de justiça como último recurso, mas acaba por ser um filme sobre corrupção e um grito pela democracia. Arrecadou o prémio de melhor longa-metragem do festival.
Não consegui ver a retrospectiva de Jonas Mekas (mas já tinha visto algumas das obras mostradas), nem o filme português premiado (Páre, Escute e Olhe, de Jorge Pelicano), nem mesmo o Shirin de Abbas Kiarostami, com muita pena minha.


Estoril Film Festival 2009
Melhor Filme em Competição:
Police, Adjective (Corneliu Porumboiu, 2009)
Il Pianeta Azzurro (1981) + Al Primo Soffio di Vento (Franco Piavoli, 2002)

O Festival do Estoril atingiu a maturidade e trouxe este ano muitos grandes nomes do cinema internacional como Francis Ford Coppola, Juliette Binoche, David Cronenberg, e algumas curiosidades como Franco Piavoli e Cindy Sherman (que foi também júri). De entre os momentos mais interessantes contam-se a ante-estreia de Tetro, em que eu próprio fiz uma pergunta ao Coppola sobre a evolução do digital; a apresentação de Crash pelo próprio Cronenberg, ao qual também tive oportunidade de perguntar sobre as suas influências no domínio das artes plásticas; Víctor Erice apresentando o seu La Morte Rouge; e o visionamento da obra integral de Franco Piavoli, um realizador italiano quase desconhecido do grande público que executa obras de grande onirismo, com um olhar intenso sobre o mundo sem gente, o silêncio e a concertada passagem do tempo.

O grande triunfo do festival foi o de juntar êxitos do cinema popular americano, europeu de grandes autores, e as obras mais pessoais, particulares e extremas de outros autores menos conhecidos do público. As obras de Peter Handke, Robert Frank, cinema Romeno eram mostradas lado a lado com The Girlfriend Experience de Soderbergh e alguns dos nomeados para Cannes, como White Ribbon de Haneke, e Antichrist de Lars von Trier.
Estive presente em quase todos os dias do festival porque havia sempre algo interessante para ver, ainda por cima o passe para o festival custava apenas 20€. Paulo Branco está de parabéns por ter organizado um grande festival.
Ansioso pela próxima edição.

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