quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Rewind 2010 - Cinema


Filmes do Ano
Io Sono L'Amore, de Luca Guadagnino
A melhor experiência numa sala de cinema dos últimos anos
Black Swan, de Darren Aronofsky
Um psico-thriller sobre uma bailarina clássica à beira da loucura
Inception, de Christopher Nolan
Um estudo acerca do subconsciente, mas sobretudo acerca do cinema
The Social Network, de David Fincher
O ambiente universitário elevado ao expoente da tragédia shakespeariana
Fish Tank, de Andrea Arnold
Um filme feminista sobre marginalização e resiliência

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Rewind 2010 - Música



Álbuns do Ano:
1. Oneohtrix Point Never - Returnal
2. Antony & The Johnsons - Swanlights
3. Forest Swords - Dagger Paths
4. Pantha du Prince - Black Noise
5. Caribou - Swim / Solar Bears - She Was Colored In
6. Tame Impala - Innerspeaker
7. Autechre - Oversteps + Move of Ten
8. Flying Lotus - Cosmogamma
9. Brian Eno - Small Craft on a Milk Sea
10. Pan Sonic - Gravitoni


Canção do Ano
Antony & Oneohtrix Point Never - Returnal



Re-edições:
Iggy and the Stooges - Raw Power
Nine Inch Nails - Pretty Hate Machine

Banda Sonora:
Trent Reznor & Atticus Ross - The Social Network

Concertos:
Alva Noto & Blixa Bargeld (Maria Matos, 21 de Setembro)
Sunn O))) + Eagle Twin (LX Factory, 2 de Fevereiro)
Sonic Youth + Gala Drop
(Coliseu, 22 de Abril)


Surpresas
Tristan Perich, ANBB, Bill Orcutt, Tristan Allen, Gil Scott-Heron, James Blake, Zola Jesus

RIP Captain Beefheart

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Uma Face na Cidade




Gil Scott-Heron: "New York Is Killing Me", realizado por Chris Cunningham, num dos melhores vídeoclips dos últimos tempos.
(David Lynch andou por aqui)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Descoberta: Raime





The 00's generation

"

“All those moments will be lost in time, like tears in the rain,” goes the Roy Batty/Blade Runner sample on Zomby’s ‘Tears In The Rain’, and it’s entirely apt for this exercise in undead uncanniness: Blade Runner was frequently sampled in the rave and hardcore that is ruff and readily reconstructed on Where Were U.

The 00s generation have much in common with replicants – immersed in a culture given over to retrospection, it is as if they have had other people’s memories implanted into their minds. In the end, though, the album contradicts Batty’s plaint – in the digital age, nothing is lost; everything comes back.

"



Fact Magazine

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Rammellzee e Beat-bop

É impressionante (e ligeiramente deprimente) que só consigamos ouvir falar de alguns raros talentos depois de figurarem no obituário. Foi precisamente aí, nos obituários do New York Times que fiquei a conhecer Rammellzee, figura seminal do hip-hop, artista, filósofo da cultura urbana e um excêntrico dos que já não se fazem. A palavra Rammellzee, dizia o próprio, é uma fórmula quântica. O graffiti, a libertação da letra escrita. As letras, armas de um poder místico.

Rammellzee contraria no bom sentido a ideia que eu tenho do hip-hop, que não é a melhor. Mas isso é porque o hip-hop que me chega é arrogante, vazio, a anos-luz em termos estéticos e históricos do hip-hop que lhe deu origem. O hip-hop dos anos 80 veio da urbe, e surgiu de uma necessidade de expressão de uma geração à margem, que nasceu e cresceu ali, sem conhecer mais nada, e tinha uma verdadeira relação com a cidade. Rammellzee foi contemporâneo da Nova Iorque de Keith Harring e Basquiat (que desenhou a capa para o clássico "Beat-Bop"), altura em que o espaço urbano entrava em revolução. A arte e música de Rammellzee lembram-me do caleidoscópio que é o espaço urbano, um caos do orgânico-biológico-humano e do inorgânico-artificial-construção, algo surpreendentemente parecido com o que para mim é o dubstep.






O filme Downtown 81, com Jean-Michel Basquiat,
dá a ideia de qual o ambiente na NYC da altura.



War of the Worlds vs. Dubstep


Quem acompanha este blog (se é que alguém acompanha este blog), sabe que sou um grande entusiasta de Dubstep. Aqui fica o resultado de uma experiência: War of the Worlds vs. Dubstep. É uma mistura entre ficção científica e um passado da origem da máquina industrial, um presente alternativo. Oiçam.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

How To Destroy Angels

Trent Reznor gosta de drama. E dos media. Gosta de significados e de criar uma narrativa, principalmente se for uma história em que ele é a personagem mais importante. Disse que os Nine Inch Nails iam acabar, mas depois já não. Deu à última tour, em 2009, o nome "Wave Goodbye". Disse até que os Nine Inch Nails iam deixar de fazer performances ao vivo, ou pelo menos da mesma maneira. Colocou à venda no e-bay boa parte dos instrumentos musicais históricos da banda e outra parafernália, e parecia que os NIN eram História.
Pelo menos era a mensagem que Trent Reznor queria passar. Só que para quem acompanha este homem há algum tempo, sabe que apesar de ser anti-sistema, Trent Reznor é um músico nato e um businessman engenhoso, com uma panca para o drama.
É claro que os NIN não vão acabar, nem daqui a 10 anos. Nem sequer depois da criação do seu novo projecto, How to Destroy Angels.
Trent estava a guardar a surpresa para nova viragem na carreira e o lançamento de nova banda e novo EP na net. HDA junta Trent Reznor a Atticus Ross, o colaborador de estúdio dos últimos 4 álbuns dos NIN, e Mariqueen Maandig, ex-vocalista dos West Indian Girl e recente esposa de Reznor.
A verdade é que os NIN tal como estavam não estavam a evoluir para lado algum, e Trent sabe-o. Este projecto parece uma pausa-para-pensar de um projecto de uma vida inteira que são os NIN. Pelo menos agora ninguém pode acusá-lo de não ser prolífico.

O resultado não é completamente satisfatório. A sonoridade é ainda quase tudo Nine Inch Nails, mas a introdução de uma voz feminina é algo completamente novo e uma boa surpresa. As músicas incluem as típicas distorções e as batidas repetitivas, decadentes mas potentes. A estrutura do álbum segue o modelo de álbuns anteriores dos NIN, inclusivamente na faixa final, um requiem do género Hurt, algo que Trent repete de álbum para álbum.
Os HDA ainda não têm uma identidade.
Mas o problema com este EP dos HDA não tem nada a ver com nenhuma destas coisas - é o mesmo problema dos últimos álbuns de NIN, e portanto o problema é Trent Reznor, que é apenas uma sombra do Trent Reznor da obra anterior. A energia esgotou-se e a fórmula instalou-se. Nada de novo.
O vídeo de Spaces in Between é, no entanto, bastante intenso e uma grande mudança de estilo relativamente a videos anteriores dos NIN.

EP grátis para download aqui.

ANBB



O novo projecto ANBB junta Blixa Bargeld (dos Einsturzende Neubauten) e o génio do microbeat, Alva Noto. O EP que resulta da colaboração chama-se Ret Marut Handshake e sai a 21 de Junho. São dois dos meus autores favoritos, portanto não pode desapontar.
Aproveito para fazer publicidade à minha loja de discos favorita e provavelmente a única em Lisboa que deverá comercializar este EP: a Flur. O álbum que se segue chama-se Mimikry.

domingo, 24 de janeiro de 2010

A Ficção Científica é conservadora?


A ficção científica é um género mais sobre o presente do que sobre o futuro. Nele se imprimem as angústias e os ideais da contemporaneidade, mesmo de forma inconsciente. Os filmes de sci-fi ficam datados de uma forma mais rápida que o normal, precisamente por estarem tão de acordo com uma ideia pontual de futuro. Isto é compreensível. O que já não é tão óbvio é o cinema de ficção científica expressar tão claramente uma vontade de regressão ao deparar-se com uma evolução tecnológica "errada", fora dos parâmetros naturais ou alegadamente desumanizante. Desde as distopias às histórias de mundos alienígenas, há no final um anseio por um passado perdido, na maior parte das vezes por culpa da tecnologia, que invadiu e degradou parte daquilo que nos faz humanos.
A ficção científica é sobretudo um género conservador.
Desde Metropolis passando por Alphaville, até Minority Report, quase todos os filmes chegam à conclusão, grosso modo, que a tecnologia avançou "demais". É claro que isto é prova suficiente que a ficção científica não é sobre o futuro, por mais bem concebido que ele esteja, mas um aviso à progressão da nossa maneira de viver contemporânea. Mas não é de estranhar que os filmes de ficção científica não exaltem o futuro de uma forma positiva? Não há um meio termo entre distopia e fantasias do género Star Wars?
Para complicar mais a questão, nos últimos tempos têm surgido alguns filmes que jogam com a ideia de um planeta sem seres humanos: Children of Men, The Road, 2012, e isto não só no cinema. Há um sentido generalizado de futuro destruído, com ou sem apocalipse, pós-humano mesmo. Isto tanto pode querer significar uma vontade enorme de nos transcendermos, fartos dos nossos corpos frágeis, como pode significar também, e mais concretamente, a desilusão de um mundo pós 11 de Setembro, pós-crise económica, sem nenhum futuro por que ansiar. Ou então o começar de uma consciencialização que não somos especiais neste planeta, fazemos parte de um ecossistema perecível, mas que continuará sem nós.

É interessante verificar a quantidade de filmes que termina com planos da Natureza, como se fosse mais preciosa e poderosa que a tecnologia, imortal mesmo, algo sólido a que podemos recorrer, mas paradoxalmente futurista.
Em Blade Runner (a primeira versão, 1982) de Ridley Scott, apesar de no final Deckard aceitar a humanidade e o amor de um andróide/replicant, algo progressivo e progressista, o filme termina com a fuga de Deckard e Rachael num automóvel futurista por planícies de vegetação e depois montanhas nevadas - a Natureza como Éden perdido e ao mesmo tempo a única coisa capaz de ultrapassar os efeitos visuais da mais pura ficção científica.
Também Minority Report (2002) de Steven Spielberg parece mimetizar este efeito na última cena, ao colocar os pre-cogs numa casa de campo, lendo e meditando enquanto passamos para um plano cada vez mais afastado de uma paisagem marítima, num tom muito contrastante com o resto do filme. (Há mesmo uma cena a meio do filme, numa estufa, em que a Natureza "é" ficção científica).



Em THX-1138 (1971), a obra-prima de George Lucas, o personagem principal interpretado por Robert Duvall tenta escapar desesperadamente de um mundo branco distópico em que a identidade é um número e o objectivo é consumir. A saída no final de uma escada é um deserto ao pôr do sol... a tábua rasa.
O último filme de James Cameron, Avatar, é o último de inúmeros exemplos deste tipo de ficção científica "conservadora"/regressiva: Jake Sully, o personagem principal, renega a própria tecnologia que o permitiu chegar ao mundo maravilhoso dos Na'vi. Mas com uma pequena grande diferença, Sully renega a utilidade de qualquer tecnologia, bem como de religião, e acredita na desmultiplicação do ser pela natureza que o rodeia. "Não há nada do nosso mundo que os Na'vi queiram", é dito no filme. A Natureza é, ao mesmo tempo milhões de anos antiga e futurista e conecta-nos a todos literalmente, e por isso mesmo, transpira sabedoria. Mas mesmo assim, não deixa de ser uma ideia regressiva.





O único filme de ficção científica que, na minha opinião, anseia verdadeiramente e de forma incondicional pelo nosso futuro como espécie é 2001: Odisseia no Espaço (1968) de Stanley Kubrick, uma das obras mais notáveis de todos os tempos, não só do cinema. Kubrick critica a humanidade de uma forma elegante e inteligente, mas dá-nos o fascínio e a certeza do futuro. Para além de orquestrado, o futuro irá mudar o que somos de uma forma supra-tecnológica que abrirá a porta a uma sabedoria pós-humana.

Ensaio: Orson Welles / F For Fake

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

"00's Rewind: Cinema

1. Mulholland Drive (David Lynch | 2001)
2. Memento (Christopher Nolan | 2000)
3. Adaptation (Spike Jonze | 2002)
4. Disponível Para Amar (Wong Kar-Wai | 2000)
5. Russian Ark (Alexander Sokurov | 2002)
6. A.I. Artificial Intelligence (Steven Spielberg | 2001)
7. There Will Be Blood (Paul Thomas Anderson | 2007)
8. The New World (Terrence Malick | 2005)
9. Eternal Sunshine Of The Spotless Mind (Michel Gondry | 2004)
10. Lost In Translation (Sofia Coppola | 2003)
11. Dogville (Lars von Trier | 2002)
12. Inland Empire (David Lynch | 2006)
13. Waking Life (Richard Linklater | 2001)
14. Cidade de Deus (Fernando Meirelles | 2002)
15. Sang sattawat ▪ Syndromes and a Century (Apichatpong Weerasethakul | 2006)
16. Irréversible (Gaspar Noé | 2003)
17. Dancer In The Dark (Lars von Trier | 2000)
18. Synecdoche, New York (Charlie Kaufman | 2008)
19. Requiem For A Dream (Darren Aronofsky | 2000)
20. Donnie Darko (Richard Kelly | 2001)
21. A Viagem de Chihiro (Hayao Miyazaki | 2001)
22. Big Fish (Tim Burton | 2003)
23. Elephant (Gus Van Sant | 2003)
24. 25th Hour (Spike Lee | 2002)
25. Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera (Kim Ki-duk | 2003)
26. The Man Who Wasn't There (Joel Coen | 2001)
27. Hunger (Steve McQueen | 2008)
28. The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring (Peter Jackson | 2001)
29. The Dreamers (Bernardo Bertolucci | 2003)
30. Al Primo Soffio di Vento (Franco Piavoli | 2002)

Melhor filme português:
O Fantasma (João Pedro Rodrigues | 2000)

E ainda (por ordem cronológica):

Almost Famous (Cameron Crowe | 2000)
Gladiator (Ridley Scott | 2000)
The Price of Milk (Harry Sinclair | 2000)
Suzhou He ▪ Suzhou River (Lou Ye | 2000)
Timecode (Mike Figgis | 2000)
American Psycho (Maria Hanrrow | 2000)
Traffic (Steven Soderbergh | 2000)
Les Glaneurs et la Glaneuse (Agnès Varda | 2000)

Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain (Jean-Pierre Jeunet | 2001)
Moulin Rouge (Baz Luhrmann | 2001)
The Royal Tenenbaums (Wes Anderson | 2001)
Vanilla Sky (Cameron Crowe | 2001)

Y Tu Mama También (Alfonso Cuarón | 2002)
Gerry (Gus Van Sant | 2002)
Ying xiong ▪ Hero (Zhang Yimou | 2002)
Minority Report (Steven Spielberg | 2002)

The Five Obstructions (Jorgen Leth, Lars Von Trier | 2003)
Brown Bunny (Vincent Gallo | 2003)
Kill Bill I, II (Quentin Tarantino | 2003, 2004)

Collateral (Michael Mann | 2004)
El Maquinista (Brad Anderson | 2004)
2046 (Wong Kar-Wai | 2004)

Drawing Restraint 9 (Matthew Barney | 2005)
Caché (Michael Haneke | 2005)
The White Diamond (Werner Herzog | 2005)
Last Days (Gus Van Sant | 2005)
Brick (Brian Johnson | 2005)
Cha No Aji ▪ The Taste of the Tea (Ishii Katsuhito | 2005)
The Proposition (John Hillcoat | 2005)
Munich (Steven Spielberg | 2005)

Old Joy (Kelly Reichardt | 2006)
Children of Men (Alfonso Cuarón | 2006)
The Good German (Steven Soderbergh | 2006)
Hei yan quan ▪ I Don’t Want to Sleep Alone (Tsai Ming-Liang | 2006)
Babel (Alejandro Gonzalez Iñarritu | 2006)

No Country for Old Men (Joel Coen and Ethan Coen | 2007)
Zodiac (David Fincher | 2007)
Nightwatching (Peter Greenaway | 2007)
En La Ciudad de Sylvia (José Luis Guerín | 2007)
The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford (Andrew Dominik | 2007)

Låt den rätte komma in ▪ Let the Right One In (Tomas Alfredson | 2008)
Che (Steven Soderbergh | 2008)
Un conte de Noël (Arnaud Desplechin | 2008)
The Dark Night (Christopher Nolan | 2008)
Waltz With Bashir (Ari Folman | 2008)

District 9 (Neill Blomkamp | 2009)
Avatar (James Cameron | 2009)
Public Enemies (Michael Mann | 2009)
Inglorious Basterds (Quentin Tarantino | 2009)
O Laço Branco (Michael Haneke)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

"00's Rewind: Videos musicais





















"00's Rewind: Álbuns da década


Radiohead - Kid A

Radiohead - In Rainbows

Aphex Twin - Drukqs

Burial - Burial

Tool - Lateralus

The Mars Volta - Deloused In Comatorium

Scott Walker - The Drift

Sunn O))) - White 2

Alva Noto + Ryuichi Sakamoto - Insen

Bjork - Vespertine

AGF/Delay - Explode

Portishead - Third

Buddha Machine




00's Rewind

O fenómeno mais influente na música da última década? Internet. Mudou tudo - a forma como ouvimos música, a forma como compramos (ou não compramos) música, e principalmente a forma como descobrimos nova música.

Em minha opinião, as maiores diferenças musicais na última década deram-se no domínio da música electrónica. Impôs-se como um género para levar a sério, deixou para trás o rótulo de música de dança e evoluiu para outros domínios, contaminou o rock, a música mais experimental, e atingiu finalmente a maturidade. À cabeça vêm Aphex Twin, Autechre, Radiohead, Bjork, LCD Soundsystem, Portishead, Vladislav Delay - todos usaram a electrónica de uma forma original e revolucionária.

Um dos subgéneros a surgir da nova década foi o Dubstep, com raízes no Grime e Drum 'n Bass. Deu-nos a primeira obra-prima: Burial. É música negra e depressiva da metrópole em câmara lenta.
A música nesta década tornou-se mais depressiva - basta ouvir The Drift, a obra monumental de Scott Walker. O Noise atingiu as massas com Wolf Eyes, e o Drone alastrou-se de mansinho desde o início dos anos 90 até agora, com Earth e Sunn O))) a surgirem com um metal como nunca o tínhamos ouvido, despido de voz (na maior parte das vezes) e de estamina - o som simples e mínimo da guitarra eléctrica, que consegue na mesma ser épico, poderoso, enigmático. Há quem diga que é pós-metal, eu digo: finalmente que o metal cresceu nesta década.
O minimalismo foi transversal a muitas áreas da música: do drone à música de dança. Em minha opinião, os projectos de Alva Noto & Ryuichi Sakamoto foram o exemplo mais acabado do minimalismo nesta década. Mas surgiram exemplos interessantes de Sigur Rós, David Sylvian, entre outros.
O hip-hop e o indie eclipsaram tudo o resto na imprensa especializada e na televisão. Bandas que duram dois anos, músicas que duram semanas... paradoxalmente, o indie transformou-se pouco a pouco em pop e apostou a sua existência no momento, nos hits e nas bandas da moda. Os símbolos foram Arcade Fire e Animal Collective, e a figura do hip-hop foi Jay-Z.

Nesta década, assistiu-se sobretudo à desfragmentação dos géneros - ao mesmo tempo que a divisão teórica da música acelera para os sub-géneros também deixou de haver apenas uma moda, mas várias modas coexistindo. O minimalismo está tão forte como o rock psicadélico.
Já nada é uncool, como refere Brian Eno.
Essa mudança teve muito a ver com a desmaterialização e fácil acessibilidade da música que ofereceu a internet. O In Rainbows de Radiohead, apesar de tardio, foi o símbolo desta viragem.