domingo, 15 de novembro de 2009

Quando a Pop quer ser Clássica (III)



Lou Reed / Zeitkratzer

Lou Reed não precisava de Metal Machine Music para ficar na história da música (um álbum chegava - Velvet Undergound & Nico). Mas em 1975, depois de três álbuns bem sucedidos a solo (Transformer, Berlin, Sally Can't Dance), resolveu fazer um álbum noise que marcou uma divisão na sua carreira - Metal Machine Music (An Electronic Instrumental Composition), que dividiu e divide até hoje a comunidade musical.
Persiste a dúvida se MMM foi uma forma de Lou Reed rescindir o contrato com a label RCA, gravando um álbum o mais inaudível possível para um público habituado a canções como "Walk on the Wild Side", ou se foi, de facto, um poderoso e corajoso manifesto artístico (que se pode considerar precursor do punk, heavy metal ou música industrial, dependendo da perspectiva).
O álbum, dividido em 4 faixas, é abrasivo como uma parede sonora, onde o feedback de guitarra testa os limites do razoável. A textura do ruído parece revelar melodias escondidas, quase psicadélicas - música para o subconsciente.
O que é certo é que muita gente levou o álbum a sério. Grupos como Sonic Youth e Merzbow terão sido influenciados por MMM. Recentemente, Zeitkratzer, um grupo orquestral alemão, transcreveu de forma surpreendente os sons para
11 instrumentos de cordas e gravou um concerto (onde os músicos parecem combater contra o próprio instrumento), que teve a participação de Lou Reed (editado em CD+DVD em 2007).


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